Notícia - Siderurgia produz 17,9% menos no primeiro semestre, mas indica que o pior já passou
27/07/20 Siderurgia produz 17,9% menos no primeiro semestre, mas indica que o pior já passou
Números divulgados pelo Instituto Aço Brasil mostram que o setor começou a se recuperar da crise em maio e junho.
(Foto: Usiminas/Divulgação 7/6/05)
As siderúrgicas brasileiras produziram 17,9% menos aço bruto no primeiro semestre de 2020 – impactadas pela pandemia do novo coronavÃrus – do que nos seis primeiros meses do ano passado. Segundo balanço da indústria divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Instituto Aço Brasil, as empresas produziram 14,2 milhões de toneladas de aço este ano, contra 17,3 milhões em 2019. Apesar do forte impacto da crise de saúde, representantes do setor acreditam que o pior já passou e que já se pode falar em recuperação.
De acordo com os dados, as vendas internas de aço de janeiro a junho foram de 8,3 milhões de toneladas, o que representa queda de 10,5% em relação ao valor registrado no mesmo perÃodo de 2019. A queda na comercialização foi maior nos aços planos. O instituto calcula que 4,5 milhões de toneladas esse tipo de material foram vendidas este ano. Uma quantidade 14,5% menor do que a registrada no mesmo perÃodo do ano passado, de 5,3 milhões de toneladas. O impacto foi menos sentido nas vendas internas de aços longos, que sofreram queda de 5%: saindo de 3,7 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2019 para 3,5 milhões na primeira metade de 2020.
A divisão de resultados se deve ao tipo de indústria a qual cada tipo de produto é destinado, segundo o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Pollo de Mello Lopes. “Os planos vão para o setor automotivo e indústrias de transformação, que pararam. Já os longos são destinados para a construção civil, que continuou operandoâ€, explica o dirigente. De acordo com o instituto, 80% do aço brasileiro é usado por três indústrias: automotiva, de bens de capital e a construção civil.
"O pior já passou"
Apesar dos números do acumulado do semestre indicarem queda, os valores mensais mostram que a siderurgia está conseguindo se recuperar. A produção de aço bruto saiu de 2,7 milhões de toneladas em janeiro para um mÃnimo de 1,8 milhão em abril, até voltar a crescer em junho, com 2 milhões. As vendas internas seguiram a mesma tendência. Em janeiro o instituto registrou venda de 1,5 milhões de toneladas, que caÃram para 976 mil em abril, e fecharam junho com 1,5 milhões.
“Esse crescimento ocorreu sobre uma base menor ou podem se justificar por uma demanda reprimida. Fato é que o sentimento do setor é de o pior já passou. O fundo do poço foi em abril e estamos agora em uma trajetória de recuperaçãoâ€, afirma Marco Pollo de Mello Lopes. Por outro lado, a expectativa é que certos segmentos mercado interno demorem a se recuperar, como a indústria automotiva. A aposta do setor para a demanda de aço é nos projetos de infraestrutura e construção civil.
O otimismo dos empresários do setor pode ser percebido nos resultados do Ãndice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) de julho. O indicador chegou a 62,8 pontos no mês, 15,9 pontos a mais do que em maio. Como o valor está acima de 50 pontos, indica confiança. Com isso, o Ãndice está mais próximo dos 70,2 pontos registrados antes da crise, em fevereiro.
Apesar da avaliação de que o pior já passou no mercado interno, a recuperação ainda não seria suficiente. Outra preocupação dos representantes da siderurgia durante a retomada é o nÃvel de ocupação da capacidade instalada. Segundo o balanço, as siderúrgicas trabalham com 48,5% da capacidade no momento.
Esse Ãndice deveria chegar 80% para o setor ser efetivamente competitivo, aponta o presidente executivo do Instituto Aço Brasil. A organização ainda calcula que o funcionamento de 13 alto fornos foram paralisados por causa da crise, sendo que seis deles em Minas Gerais. Atualmente, dez fornos continuam parados, dos 32 em todo o paÃs.
Foco no mercado internacional
A solução de curto prazo para o problema da capacidade ociosa é focar no mercado internacional, na opinião de Marco Pollo de Mello Lopes. Para o dirigente, nesse momento o Brasil precisa incentivar as cadeias nacionais e proteger seus produtos no mercado, algo que Estados Unidos e China estariam fazendo.
“Todos os segmentos que dependeram de produtos de outros paÃses pararam. A grande lição da pandemia é que não é pra se inserir nas cadeias internacionais, mas estimular a produção internaâ€, argumenta o presidente executivo do Instituto Aço Brasil.
A principal demanda do setor para cumprir com o objetivo de incentivar as exportações é restabelecer a alÃquota original do Reintegra, de 3%. O Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras tem como objetivo retornar tributos residuais pagos pelas empresas que trabalham com produtores exportados. A elevação significaria um aumento de 5,3% nas exportações da indústria manufatureira e a criação de 663 mil empregos, segundo a organização.
Na visão do Instituto Aço Brasil, a recomposição do valor é “vitalâ€, já que “possibilitará que a indústria de transformação recupere os nÃveis de produção anteriores ao inÃcio da pandemia e possa aumentar a oferta de empregos qualificados no paÃsâ€, afirma, em nota.
Segundo os dados do instituto, a siderurgia brasileira exportou 6,1 milhões de toneladas de aço nos seis primeiros meses de 2020. O que representa uma baixa de 8,1% em comparação com as 6,6 milhões de toneladas mandadas para o exterior no mesmo perÃodo de 2019. Já o volume de aço importado na primeira metade do ano foi de 1 milhão de toneladas, 17% a menos do que as 2 milhões recebidas em 2019.
Perspectiva
O balanço também traz as projeções para 2020. Segundo os cálculos, as siderúrgicas devem produzir 28,2 milhões de toneladas de aço bruto no ano. O que representaria uma queda de 13,4% se comparado com as 32,5 milhões de toneladas registradas em 2019. Já as vendas internas devem atingir 16,5 milhões de toneladas – baixa de 12,1% e m relação às 18,7 milhões de 2019. Segundo o instituto, a confirmação desses números levaria a siderurgia para o mesmo patamar de 15 anos atrás.
Fonte: Estado de Minas / Economia / Felipe Quintella
Por: Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa
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